quinta-feira, 15 de junho de 2017

Bora Ouvir Oswaldo Montenegro – Flor da Idade?






A hashtag #BoraOuvirUmaNoSãoJoão segue trabalhando pesado nesse mês e agora vamos falar das quadrilhas.


Não, cara, já deu pra entender que não é sobre corrupção.


É sobre o poeminha genial que Carlos Drummond de Andrade fez em homenagem à dança nordestina/francesa:



Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história



Se você gosta de poesia, não deixe de ler o nosso livro Miragens:







Em 1973, Chico Buarque recebeu uma encomenda para o filme “Vai Trabalhar, Vagabundo” e para a peça “Gota D'Água” e resolveu homenagear Drummond. Temos, assim, a homenagem da homenagem.


É a genialidade do Chico Buarque numa letra enjoada com um jogo de palavras lúdico e muitas repetições de sílabas e sons. Chega a ser quase um trava-língua.


É a música Flor da Idade que retrata marotamente o desabrochar dos adolescentes para a vida sexual.


Esse jogo de sílabas constrói uma sonoridade espetacular e esse é o primeiro elogio que o Oswaldo Montenegro faz no vídeo abaixo. É essa sonoridade a deixa para a homenagem de Oswaldo a Chico e, assim, chegamos a homenagem da homenagem da homenagem.


Oswaldo Montenegro fez múltiplas gravações para que a música conseguisse ter “várias vozes” em uma comunhão maravilhosa. É show de cantoria. É aula de canto com direito a teoria pesada no início do vídeo.


A percussão gostosa vem ao ritmo de castanholas e palmas e, num dado momento, a banda se cala para que os protagonistas da interpretação brilhem mais ainda. Ficamos então só com castanholas, palmas e vocais. É ES-PE-TA-CU-LAR!


E foi por tudo isso que eu resolvi hoje homenagear o Oswaldo Montenegro. E agora é a homenagem da homenagem da homenagem da homenagem, no post com mais homenagens da história do blog:


Bora Ouvir Uma homenageia Oswaldo
que homenageia Chico
que homenageia Drummond
que homenageia a quadrilha
que homenageia todo mundo.


Compartilhe o blog. Compartilhe músicas boas com a gente.


Sobe o SOM!





Flor da Idade

A gente faz hora, faz fila na vila do meio dia
Pra ver Maria
A gente almoça e só se coça e se roça e só se vicia
A porta dela não tem tramela
A janela é sem gelosia
Nem desconfia
Ai, a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amor


Na hora certa, a casa aberta, o pijama aberto, a família
A armadilha
A mesa posta de peixe, deixe um cheirinho da sua filha
Ela vive parada no sucesso do rádio de pilha
Que maravilha
Ai, o primeiro copo, o primeiro corpo, o primeiro amor


Vê passar ela, como dança, balança, avança e recua
A gente sua
A roupa suja da cuja se lava no meio da rua
Despudorada, dada, à danada agrada andar seminua
E continua
Ai, a primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor


Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo que amava Juca que amava Dora que amava
Carlos amava Dora que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha



Um abraço.

Ei, psiu, se liga…
Dá para ficar sabendo das novidades do blog pelas redes sociais. Sigam-me os bons!
      

Conheça a minha obra completa em:

2 comentários:

  1. Mto mto massa este post. Compartilhei. Hj o dia é dele.

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    Respostas
    1. Valeu, bicho.
      Ficou do caralho mesmo. Fiquei bem realizado.
      Obrigado por tudo.

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