Eu
estava revendo os meus vídeos do Yamandu Costa que eu adicionei ao
meu canal no Youtube e a ferramenta me sugeriu novos vídeos dele. E
foi assim que eu me inscrevi no canal da gravadora Biscoito Fino.
Passados
uns dez dias, eles publicaram “Vedovelli – Sou”.
Sem
nenhum preconceito, apertei o play e valeu a pena demais. Ouvi uma.
Duas. Várias vezes. Eu me viciei no balanço dessa música.
Compartilhe
o blog. Compartilhe músicas boas com a gente.
Sobe
o SOM!
[
SOU ]
Eu
não sou da lua
Eu
não sou do chão
Eu
não sou da rua
Eu
não sou mansão
Sou
de lá e cá
Sou
de início a fim
Sou
de chuva
Sou
do sol
Sou
de não e sim
Sou
da ida
Sou
da volta
Sou
de dentro
Sou
de fora
Sou
da vida
Sou
do mundo e o que ele é de mim
Eu
sou do mar
Sou
da paixão
Sou
dos sonhos, sou cameleão
Sou
do amor
Eu
não sou do samba
Não
sou rock n’ roll
Eu
não sou de drama
Eu
sou como eu sou
Sou
de lá e cá
Sou
de início a fim
Sou
de chuva
Sou
do sol
Sou
de não e sim
Sou
da ida
Sou
da volta
Sou
de dentro
Sou
de fora
Sou
da vida
Sou
do mundo e o que ele é de mim
Eu
sou do mar
Sou
da paixão
Sou
dos sonhos, sou camaleão
Sou
do amor
Mas
eu vi que o Vedovelli estava lançando um CD inteiro, o Camaleão,
daí eu pensei: poxa, se eu me identifiquei tanto com esse som, deve
ter mais coisas boas lá!
Bingo!
Tem
muita coisa boa lá. O CD vai alternando entre uma mais dançante e
uma mais calminha.
E
foi lá que eu encontrei
“Sinta” e a brincadeira aqui do post é um duelo
para vocês me ajudarem a escolher qual a melhor música do
Vedovelli: Sou
ou Sinta?
Compartilhe
o blog. Compartilhe músicas boas com a gente.
Sobe
o SOM!
[
SINTA ]
Se
for tristeza, chora
Se
for gula, devora
Se
for ânsia, respira
Se
for raiva, grita
Se
for paixão, mergulha
Se
for orgulho, engula
Se
for amor, espalha
Se
for medo, fuja
Se
for real, é só sorrir
Se
for a dois, é só sentir
Se
for sonho, viva
Se
for desejo, insista
Se
for a vida, sinta
Se
for bom, convida
Se
for complicado, ginga
Se
for a vida, sinta
Se
for verdade, diga
Felicidade,
brilha
Se
for vergonha, mostra
Se
for sério, brinca
Se
for prazer, relaxa
Se
for ruim, acaba
Se
for saudade, chama, volta, beija e abraça
Se
for pensar, não deixa ir
Se
for sentir, se entrega ao fim
Se
for sonho, viva
Se
for desejo, insista
Se
for a vida, sinta
Se
for bom, convida
Se
for complicado, ginga
Se
for a vida, sinta
Viva,
sonha, briga, chora,
Ama,
sinta, sinta
Diga,
mostra, grita, beija
Ama,
sinta, sinta
POST
SCRIPTUM 1
Pronto.
Esse era o post. Mas esse post ficou parecido com aqueles filmes
malucos que têm vários finais e que você nunca sabe quando
realmente acabou.
Porque
eu jamais poderia terminar esse post sem mostrar para vocês o clipe
de Sou.
Eu
sou o Bora Ouvir Uma. Então, eu
sempre priorizo a música. E, até para o duelo ficar justo, só
postei os áudios lá em cima.
Mas
também não posso ignorar as pessoas que gostam da parada mais
visual, né? E esse clipe abaixo ficou genial. Tanto que eu fiz um
minipost lá na nossa fãpage há pouco tempo:
“Se
você é rico ou já viajou muito ou tem vontade das duas anteriores,
vai se identificar bastante com esse clipe muito bem bolado.”
[
SOU ] (O clipe)
Na
entrevista a seguir, ele vai falar sobre esse clipe…
POST
SCRIPTUM 2
Não
acabou não, hein!? He he
Pra
fazer o post, eu fui atrás do Vedovelli e acabou rolando uma
entrevista exclusiva e espetacular. Na verdade, eu gostei tanto do
resultado que vou publicar na íntegra. Vamos
entrar na cabeça dele para saber como ele criou essas músicas e
esse vídeo:
BORA
OUVIR UMA
ENTREVISTA
VEDOVELLI
BORA
OUVIR UMA: De onde você é? Onde você desenvolveu sua carreira? E
onde podemos te encontrar hoje?
VEDOVELLI:
Eu
nasci em Farroupilha (RS).
Aprendi tudo da música por lá
mesmo. Eu
aprendi a tocar violão e piano sozinho quando criança, mas comecei
aos 12 anos, com um violão que ficava desafinando porque tinha o
braço quebrado e colado. Eu mandei arrumar ele e uso até hoje. Eu
comecei tocando em várias
bandas por lá, acabei virando vocalista porque em muitas bandas era
algo que faltava, e como eu tinha jeito pra coisa, eu assumia a voz.
Depois eu comecei a estudar mais profundamente cada um desses
instrumentos, e decidi ir fazer aulas e cursos. Com 17 fui estudar
produção musical em São Leopoldo (RS),
e depois me mudei para o Rio de Janeiro para explorar mais o caminho
de compositor e artista. Creio
que essas mudanças de ambientes e também o fato de eu ter sido
autodidata influenciaram muito minha carreira,
especialmente na originalidade. Eu acabei desenvolvendo estilos de
cantar, tocar, e compor que não foram baseados em meus mestres. Só
fui fazer aulas depois de já estar mais estruturado dentro do que
buscava com minha arte. E mudar
de cidade sempre faz a gente se conhecer melhor,
entender mais sobre quem somos, qual
a nossa cultura, o que queremos carregar dela, e o que sentimos que
podemos deixar para trás.
Atualmente
eu me encontro no Rio de Janeiro. Meu som está em todas plataformas
digitais, o álbum Camaleão
nas lojas, e eu toco mais pelo Rio de Janeiro, mas pretendo ir lançar
o disco por algumas cidades do Brasil.
BORA
OUVIR UMA: Quais são suas influências musicais?
VEDOVELLI:
Eu
sou um ouvinte de música, além de músico. Eu
realmente estou sempre procurando novos artistas pra escutar,
e tô
sempre curioso sobre os novos lançamentos. Mas eu vario o que mais
toca por aqui, conforme meu estado de espírito.
Eu costumo criar listas no Spotify
com coisas que estou escutando. Eu tenho ouvido muita coisa suave,
folk e jazz misturados com um pouco de eletrônico.
Também gosto bastante de ouvir a sonoridade dos anos 70, então
também sempre acabo escutando artistas da época. Eu escuto muita
coisa atual, e tenho alguns favoritos que nunca saem de moda na minha
vida. Gosto muito de artistas como o Damian Rice e Lenine. Esses
tipos de grandes compositores que se reinventam a cada disco, são os
artistas que nunca saem das minhas audições.
BORA
OUVIR UMA: Como você se inspira para compor e criar?
VEDOVELLI:
Eu
geralmente componho a partir de sensações e emoções de coisas que
vivo diariamente, ou que afetaram meu passado.
Eu sento com o violão, ou em frente ao teclado, e vou tocando e
compondo. É quase uma terapia para mim, eu deixo que minhas emoções
e sentimentos transbordem, geralmente improviso a letra, e ela nasce
assim. Mas eu não tenho muitas regras, algumas coisas nascem de
versos e letras que escrevi, outras são músicas que componho e
depois faço a letra, e uma grande parte nasce com a improvisação
da letra e música junto.
BORA
OUVIR UMA: Como se inspirou para criar “Sinta”?
VEDOVELLI:
Eu
escrevi “Sinta”
depois de me mudar para o Rio, eu lembro que achava legal ver as
pessoas gritando, sorrindo, chorando, e até brigando livremente na
rua, era um contraste enorme com a maneira polida que estava
acostumado a ver as pessoas a viverem e demonstrarem seus
sentimentos. Esse pequeno choque cultural, me inspirou, pois eu
sempre achei que a
melhor coisa para se fazer com os sentimentos, sejam eles bons, ou
ruins, é se permitir sentir e aprender com as sensações geradas
por eles.
BORA
OUVIR UMA: Como se inspirou para criar “Sou”?
VEDOVELLI:
“Sou”
eu fiz após alguns shows em uma casa noturna no Rio. Eu queria tocar
minha música, mas era complicado com a produção. E no meio da
apresentação alguém sempre vinha me fazer algum pedido de algo que
não tinha nada a ver com meu som e repertório. Aquilo não era a
vida de músico que eu queria levar, então sentei
com um violão para refletir quem eu era, e do que eu gostava na
vida.
Ai nasceu “Sou”.
Costuma ser um mantra pra mim, me “bota”
no caminho certo quando me sinto um pouco perdido, e me faz lembrar
do que realmente é importante na vida.
BORA
OUVIR UMA: Como é viver de música (e de arte) no Brasil?
VEDOVELLI:
Confesso
que apesar de amar minha profissão, e de saber do privilegio que é
encontrar uma profissão que realmente é algo que se ama, eu acho
que viver de música é cada vez mais complicado no Brasil. Os
preços dos equipamentos sempre foram
absurdamente caros para nosso padrão de vida,
então explorar e se desenvolver dentro da arte já é complicado
pela dificuldade da aquisição de material de trabalho. Mas eu acho
que o mais difícil
dentro do Brasil, é a maneira como o povo brasileiro se relaciona
com a arte. Nossa
educação básica nas escolas nunca foi voltada para educação
emocional e cultural,
então a
música no Brasil acaba sendo consumida somente na forma de
entretenimento, e dificilmente como obra de arte.
De certa forma, existe muito dinheiro ainda, e o mercado do
entretenimento é gigantesco, mas a fatia do mercado que consome
música
como obra de arte, e que não é conservadora, é cada vez mais
específica
e distanciada da outra grande parte da população.
BORA
OUVIR UMA: O que você acha do novo cenário da indústria musical,
com mais presença das tecnologias, redes sociais etc?
VEDOVELLI:
Eu
vejo todo esse novo cenário com olhos esperançosos. Eu acho que
plataformas de streaming têm
ajudado muito com a divulgação de novos artistas independentes. Era
difícil
demais penetrar no mundo milionário dos jabás
antes. Gosto bastante também da globalização que esses programas
permitem, atualmente eu escuto músicas do mundo inteiro, e assim
como para mim, essas
plataformas devem ter aberto novos mundos musicais
para muita gente que gosta de consumir música
de
todo o
planeta.
BORA
OUVIR UMA: E o futuro? Pra onde você deseja levar a sua carreira?
VEDOVELLI:
Eu
tenho ainda muito pra divulgar do Camaleão, tenho clipes para
lançar, e shows para fazer. Mas eu gosto de aproveitar meus tempos
livres, pra criar e pré-produzir
novas músicas. Já tenho muito material, então não deve demorar
muito tempo pra que eu decida gravar alguma coisa e lançar. Mas
antes eu quero terminar de viver a experiência
do “Camaleão”,
uma coisa de cada vez. Tenho intenções
também de trabalhar em alguns projetos em parceria com outros
artistas, gosto
da somas que tipos diferentes de artes podem fazer.
BORA
OUVIR UMA: Sobre o clipe de “Sou”: quantos países aparecem?
Quantas cidades aparecem? Quanto tempo levou para gravar/acumular
todos aqueles pedaços de vídeos?
VEDOVELLI:
Sou
foi um projeto que comecei a fazer quando fui um
mochilão pela Ásia,
era um sonho meu ir para lá, quando surgiu uma oportunidade eu
simplesmente fui, eu não tinha nem gravado a música e o álbum
ainda. Eu fui viajar meio que sem roteiro, tinha algumas ideias e
alguns caminhos marcados, mas eu deixava as coisas irem acontecendo.
Tive a ideia de fazer os vídeos
cantando a música para editar depois em um único vídeo
divertido. Era quase como uma brincadeira pessoal, mas eu achei que
tinha potencial, mostrei pro pessoal da Biscoito Fino e eles curtiram
a ideia de transformarmos
em um clipe oficial.
Não
foram tantos países, foram cerca de 10 eu acho,
mas foram muitos lugares e cidades dentro desses países, eu perdi a
conta já. Grande parte
dos vídeos
eu fiz após longas horas de caminhada
e bike, em
lugares que muitas vezes nem pertencem realmente a cidades.
Eu gosto de olhar, porque lembro de como muitos dos lugares foram
especiais e difíceis
de se
chegar.
Tem
imagens feitas no Chile, após uma caminhada de 20km na Cordilheira
dos Andes. Outras feitas em Bagan, em Myanmar
depois de muitas horas de estrada e bicicleta. Eu demorei uns 2
anos gravando
todo o
material
e fui editando conforme surgiam novas imagens, inclusive tive um HD
queimado no meio do processo que quase acabou com a brincadeira. Mas
no final deu tudo certo.
BORA
OUVIR UMA: Você também vê similaridades entre “Sinta” e “Sou”:
letras baseadas na repetição de um pequeno verbo e um balanço
musical parecido?
VEDOVELLI:
Eu
gosto muito de escrever músicas
dessa forma na verdade, usei o mesmo processo em “No
Fundo do Peito”,
apesar de ser com ritmos diferentes. Acho que acabou virando uma
característica
presente em várias
letras que escrevo. Eu acho que “Sinta”
e “Sou”
tem um pouco da mesma energia sim, eu gosto dessa vibe, essas
músicas
acabam sendo as mais divertidas de tocar ao vivo.
[
NO FUNDO DO PEITO ]
BORA
OUVIR UMA: Sinta ou Sou?
VEDOVELLI:
Não
consigo responder essa ainda, no momento eu tô
gostando de todas.
BORA
OUVIR UMA: Agora, para os fãs do Bora Ouvir Uma, se você só
pudesse ouvir uma música, qual seria?
VEDOVELLI:
Eu
vou escolher a música “Talk is Cheap - Chet Faker”, eu
simplesmente não consigo enjoar dessa música.
[
TALK
IS CHEAP por
CHET FAKER
]
POST
SCRIPTUM 3
Fala
sério, que entrevista sensacional, hein!? Mas ainda não
acabou, não he
he
Quando
eu ouvi Sinta pela primeira vez, foi impossível não chegar na minha
poesia:
Sinta,
apenas sinta
Sinta...
Um
simples toque. Um gesto.
Sinta...
Está
acontecendo...
Sinta...
Parece
que tudo vai mudar
Não
é maravilhoso?
Sinta,
apenas sinta.
Pode
sentir?
Então
sinta uma frase sucinta
Sinta
a metamorfose atmosférica
E
a agitação do cosmo
Apure
os seus sentidos e sinta.
Consegue
sentir?
Então
sinta uma alma distinta
Sinta
a interatividade do beijo
E
a relação de harmonia
Aguce
os seus sentidos e sinta.
Sinta...
Apenas
um sussurro. Um fonema.
Sinta...
Está
desabafando...
Sinta...
Parece
que já vai melhorar
Não
é grandioso?
Sinta,
apenas sinta.
Pode
sentir?
Então
sinta o cheiro de tinta
Sinta
o arco-íris preto-e-branco
E
a zebrinha colorida
Adultere
os seus sentidos e sinta.
Sinta...
Somente
um sabor. Um aroma.
Sinta...
Está
se transformando.
Vá
e sinta.
Sinta
que no futuro será feliz.
Sinta
que o futuro é agora.
Sinta...
POST
SCRIPTUM 4
Agora
é pra acabar mesmo. :P
Apenas
gostaria de avisá-los que o blog está saindo de férias. Espero
acumular disposição, ideias e materiais para muitos posts novos. E
é realmente muito inspirador sair de férias assistindo ao clipe de
Sou.
Se
tudo correr bem, dia
14 de setembro voltaremos a subir o som com um post inédito. E
também para pagar alguns posts prometidos hehe
Enquanto
isso, curtam alguns dos nossos 97 posts já publicados.
Um
abração do Bora Ouvir Uma!
Ei, psiu, se liga…
Dá para ficar sabendo das novidades do blog pelas redes sociais. Sigam-me os bons!
Conheça a minha obra completa em: