É o meu aniversário e O Rappa foi convidado para a festa!
Tem
mais prosa sobre o meu aniversário lá no Blog Fazendo
um Projeto dar
Certo:
Eu
virei fã dO Rappa na época da faculdade, ouvindo a rádio Jovem Pan
e indo para os shows no Ceará Music.
Aprendi
a gostar do som dos caras que é bem peculiar. Além, claro, da
mensagem social das letras. Aquela coisa da luta de classes, das
dificuldades da favela e do pensamento positivo.
Foi
uma das coisas boas que eu consegui “transmitir” para o meu irmão
mais novo – Pedro Ernesto.
É
um show dO Rappa na Barraca Biruta, na Praia do Futuro, em Fortaleza.
Areia fria, maresia, som alto pra caralho e a galera toda na vibe.
Você ainda pode ir ouvir o mar depois do show. É um dos grandes
momentos da vida. (Apesar do medo que eu sempre tenho que a maré vai
encher e nos pegar bem no meio do show).
Eu
sou baixinho e claustrofóbico – gosto de ficar lá no fundão para
ouvir um som mais limpo e ter espaço para dançar. Além de estar
mais perto de bares e banheiros. Eu vou a um show para ouvir um
artista e não necessariamente para vê-lo.
Tem
gente que jura que show de reggae ou dO Rappa só dá maconheiro. Eu
garanto que é só preconceito besta. Embora, admita que o consumo é
bem elevado. Eu já passei alguns apuros com olhos vermelhos,
garganta irritada ou dor de cabeça. (No fundão, é mais arejado
hehe).
Teve
um ano no Ceará Music que a fumaceira cobriu o palco. Eu até pensei
que era gelo seco, mas não fazia sentido, pois não dava mais para
ver a banda. Foi quando o Falcão parou o show: “ô galera, vamos
dar uma maneirada aí, porque eu não estou conseguindo cantar.”.
Foi surreal!
Em
abril, eles estiveram em Fortaleza. Mas eram coadjuvantes no meio de
um show de axé com sertanejo. Eu achei muito arriscado e não fui.
O
último causo que eu vou contar aconteceu no “Férias no Ceará”
– um projeto do governo estadual com grandes shows de graça em um
local incrível, o anfiteatro do Parque do Cocó.
Eu
tinha comprado um carro zero há uns 3 meses e ele iria para o seu
primeiro show. Ingênuo e sem opções, deixei o carro em uma rua
próxima, adiantando cinco reais para o flanelinha (guardador).
Quando
a gente voltou com a adrenalina a mil depois de mais de duas horas de
um showzaço: frustração, medo, revolta, raiva…
Apertei
o alarme e o carro não respondeu. Dei na chave e nada. Os
flanelinhas tinham feito um rapa em
todos os carros da rua. (E olha
que eu odiava quem fazia esse trocadilho). Eu tive um dos menores
prejuízos já que só perdi duas bolas de futebol e umas roupas da
minha mãe que estavam no bagageiro.
Eu
lembro que a gente foi no guincho para uma oficina 24 horas
reconectar o cabo da bateria. Eu e o Pedro demos um rolé em
Fortaleza dentro do carro, em cima do guincho. Surreal! Eu lembro que
eu sempre achava que o carro ia bater no caminhão e fui a viagem
inteira assustado e pisando no freio. Muito louco!
O
Rappa – Registro (na Rocinha)
É
um DVD discográfico de 2010. O Registro.
Obviamente,
tem o “defeito” de não ter alguns hits mais recentes, como
“Anjos” e “Auto-Reverse”.
Mas
eu posso cornetar a falta de “A feira”, “Fininho da vida”,
“Eu quero ver gol” ou “Na frente do reto”.
O
vídeo abaixo não tem imagens – mas o Falcão dá algumas pistas
do visual do show, em um lugar inspirador. Eu me senti tentando ver o
mundo como os cegos. E me lembrei dessa poesia do livro Miragens:
Vendo
ou não, você vai sentir a energia do “ao vivo”. A galera
pulando e cantando!
E
O Rappa está lançando mais um CD ao vivo, dessa vez em Recife.
Compartilhe
o blog. Compartilhe músicas boas com a gente.
Sobe
o SOM!
A
partir daqui, eu vou palpitar por todo o setlist, lançando alguns
tuítes com as letras dO Rappa. Vem comigo!
7,
6, 5, 4, 3, 2, 1… O RAPPA TÁ NA ROCINHA!
A
vibe já começa muito boa com o hip hop do DJ Negralha saldando a
galera. Acabou a espera, acabou a angústia… Concentra, que o show
vai começar!
Sou
quase um cara
Não
tenho cor, nem padrinho
Nasci
no mundo, sou sozinho
Não
tenho pressa, não tenho plano, não tenho dono
Meu
mundo é o barro já abre o show a mil por hora. Música do
disco 7 vezes, de 2008, quando O Rappa já era um sucesso de público
e de crítica. É a banda se mantendo firme no seu espírito
criativo.
A
chama da vela que reza
Direto
com o santo conversa
Reza
vela vem chegando e já manda a primeira onomatopeia (larara…)
pra geral cantar junto! Ainda bem, né? Porque é bem difícil cantar
a letra toda que é muito acelerada em algumas partes.
O
que te guarda, a lei dos homens
O
que me guarda, é a lei de Deus
Não
abro mão da mitologia negra
Pra
dizer eu não pareço com você
Vira
o disco com Lado B lado
A e vira mesmo porque eles
mandaram uma versão incrível. Mais calminha, com muito hip hop, pra
galera respirar um pouco. Mas só vale se você cantar forte, com
muita raiva e com os dedos apontados: “eu não pareço com você”.
Eu até gosto de completar com “seu FDP”.
Sentia
proteção infantil
Mas
permanecia assustado
Acuado
em situação-hiena
Essa
música dá prosa porque eu não gostava dela no disco. Pulava mesmo,
sem cerimônia. Mas depois dessa versão ao vivo, Hóstia
virou uma das minhas músicas favoritas dO Rappa. A introdução
com o baixo é de matar. Eu aprendi a gostar dessa música mais pelo
meu irmão Pedro Ernesto.
Só
misturando pra ver no que vai dar
Cor
da pele? FODA-SE
Pra
valer o ingresso mais ainda, só mandando um “foda-se” bem alto e
coletivo. Contra qualquer coisa, mas no Homem
amarelo
é contra o racismo. Um som bem conceitual dO Rappa que talvez só os
mais fãs vão entender. Uma música que tinha quase 10 minutos no
primeiro disco ao vivo que eu comprei. Misturar é muito massa,
misturar é o que há.
Uma
onda segue a outra
Assim
o mar olha pro mundo
É
o verso mais bonito da música brasileira.
É o Mar de gente
das nossas metrópoles não planejadas. Essa faz geral subir,
pular, cantar alto e com toda a energia da alma. É um dos vários
(?) clímax do show!
Se
era bom ou ruim
Tava
aquém de mim
Documento
me obriga a repetir o que eu falei antes sobre música que eu
só aprendi a gostar no ao vivo. Nos passa também uma mensagem de
“sossega aí” porque há várias coisas que não estão sob o
nosso controle.
As
grades do condomínio
São
para trazer proteção
Mas
também trazem a dúvida
Se
é você que está nessa prisão
Minha
alma (a
paz que
eu não
quero)
é um grande clássico dO Rappa que esteve por vários anos
nas 7 melhores da Jovem Pan. Era quase impossível eu ir pra escola
sem antes não ter ouvido essa música. Uma das lembranças de quando
eu morei no São Cristóvão. E quem não conhecia a batida dO Rappa,
prazer, Minha alma!
Vejo
a minha história com a sua comungar
Vejo
a história, ela comungar
Se
o show do artista já é uma comunhão de fãs, se um show de rock já
é pra cantar alto, o refrão de Monstro
invisível
joga a galera toda lá em cima. E quem não tem os seus monstros
invisíveis?
Hey
joe
Esse
não é o atalho
Pra
sair dessa condição
Jimi
Hendrix estava inventando o rock e o Rappa foi beber nessa fonte para
fazer a sua versão de Hey Joe. Para
mim, a música é especial, pois foi assim que eu conheci a banda,
através de um CD de pop rock distribuído pelo Boticário. Bendito
perfume que me deu O Rappa!
Se
eu quiser fumar eu fumo
Se
eu quiser beber eu bebo
Eu
pago tudo que consumo
Com
o suor do meu emprego
O
inusitado se reafirma quando uma banda de rock pega o pandeiro e puxa
um samba de Zeca Pagodinho no meio do show. São as Maneiras
dO Rappa espalhar a sua mensagem e de deixar a galera respirar
um pouco. E cá pra nós, essa letra é um “não se meta na minha
vida” perfeito!
De
geração em geração
Todos
no bairro já conhecem essa lição
Tribunal
de rua é uma mensagem dura contra a violência policial sobre
os “favelados” pretos e pobres. Está bem atual no momento em que
temos alguns juízes se achando super-heróis e fazendo perseguição
política descarada, com a benção da imprensa. Registro também a
reinvenção dO Rappa trazendo uma versão muito bacana da música.
Vou
me benzer
Vou
orar
Vou
agradecer
Vou
me rezar
E
o baixo sobe e chega até a Linha vermelha.
Música que eu não conhecia e aprendi a gostar demais depois dessa
versão ao vivo.
Meu
santo tá cansado
Não
vou dizer que tenho saldo sobrando
Não
tô devendo, mas a vida de homem é assim mesmo
Meu
santo tá cansado é isso mesmo. Quando a gente sente que tá
abusando do santo, abusando da sorte e sendo muito protegido. Também
gosto de usar pra dizer que eu mesmo estou muito cansado. É rock
pesado e com onomatopeia para acordar a galera depois do setlist mais
intimista. E eu não sou “herói cuzão”.
Faltou
luz mas era dia, o sol invadiu a sala
Fez
da TV um espelho refletindo o que a gente esquecia
Falando
em onomatopeias e em animar a galera, chega O
que sobrou do céu. A galera vai ao delírio com esse hit e o
chão balança. Não tem como explicar aqui com palavras, só estando
lá você vai entender. É tipo “pula, pra valer o ingresso”! A
música nos provoca sobre o nosso modo de viver com tanta
eletricidade e eletrônicos.
Ô
Ô Ô Ô Ô my brother
Porra,
quem nunca mandou um “Ô Ô Ô Ô Ô my brother”? Até Maria Rita
mandou! É o Rodo Cotidiano, retratando
o transporte duro da massa trabalhadora. Pode ter certeza que a geral
vai pular e cantar muito. O justo seria sair e pagar outro ingresso!
O
que é que tá pegando?
Qual
é negão? Qual é negão?
Escolhe
sempre o primeiro
Negro
pra passar na revista
Pra
passar na revista
Todo
camburão tem um pouco de navio negreiro
Todo
camburão tem um pouco de navio negreiro é conceitual ao
extremo. Conceitual na batida de rock com reggae com hip hop e
conceitual na caneta. Uma letra que põe o dedo na ferida. Realmente,
a escravidão acabou no Brasil? Somos um
povo racista?
Saber
perder é, saber perder é, saber perder alguma coisa pra sobreviver
E
chega o sétimo disco dos caras: 7 vezes.
A banda vive. Há músicas, há ideias. Viva O
Rappa! 7777 vezes O RAPPA!
Mas
se você ver em seu filho
Uma
face sua e retinas de sorte
O
salto
também é música conceitual (para fãs). Rock muito pesado
que eu lembro que incomodava muito aos vizinhos.
Sim,
eu estou tão cansado
Mas
não pra dizer
Que
eu não acredito mais em você
Eu
não preciso de muito dinheiro,
Graças
a Deus
E
não me importa, e não me importa não
Quando
até Gal Costa sobe o som, os últimos resistentes tiram o chapéu. É
o Vapor barato dO Rappa.
Violência
demais, chuva não tem mais,
Roubo
demais, política demais,
Tristeza
demais. Interesse tem demais!
Ganância
demais, fome demais,
Falta
demais, promessa demais,
Seca
demais, chuva não tem mais!
Segundo
a crítica de música Tânia Gregório (my mother), eles estragaram a
música de Luiz Gonzaga. Que ela não me bata, mas eu penso um pouco
diferente. Eles fizeram uma versão muito original e inusitada e
apresentaram esse hino a uma nova geração. Uma música sempre atual
em um país agricultor, brigando o tempo todo com secas e enchentes.
É o Ceará na mídia. É a Súplica cearense!
Me
deixa que hoje eu tô de
Bobeira,
bobeira
Pra
não perder o hábito, eu vou cornetar. Corneto Me
deixa. Música “modinha”, música “malhação”, música
“de adolescente”, música “pegajosa”, música de “quem não
é fã”. Não é culpa deles. Mas eu acho que essa música ficou
muito pegajosa e meio artificial no público. É a Ana Júlia deles.
Se
meus joelhos não doessem mais
Diante
de um bom motivo
Que
me traga fé, que me traga fé
Se
por alguns segundos eu observar
E
só observar
A
isca e o anzol, a isca e o anzol
A
isca e o anzol, a isca e o anzol
Ainda
assim estarei pronto pra comemorar
Se
eu me tornar menos faminto
Que
curioso, curioso
O
mar escuro, é, trará o medo lado a lado
Com
os corais mais coloridos
Valeu
a pena, ê ê
Valeu
a pena, ê ê
Sou
pescador de ilusões
Sou
pescador de ilusões (bis)
Se
eu ousar catar
Na
superfície de qualquer manhã
As
palavras de um livro sem final
Sem
final, sem final, sem final, final
Pra
sair do modismo e da cornetagem: Pescador de
ilusões. Uma poesia belíssima, para quem gosta de poesia.
Uma música belíssima, para quem gosta de música. Pra chorar, pra
se emocionar, pra lembrar das suas dificuldades, para cantar alto e
pular com a geral. Valeu a pena!
Sempre correndo em busca dos nossos sonhos.
Que
bloco é esse? Eu quero saber.
É
o mundo negro que viemos mostrar pra você (pra você).
Branco,
se você soubesse o valor que o preto tem.
Tu
tomava um banho de piche, branco e, ficava preto também.
Fechando
o show bem demais: Que bloco é esse?
Versão animal dO Rappa pra uma música animal do Ilê Aiyê. Embora,
eu ache mais animal a versão da Daúde:
Post
Scriptum
Com
a homenagem às mulheres, chegamos a 400 fãs no Facebook. Obrigado a
todos que estão acompanhando o blog e subindo o som!
Ei, psiu, se liga…
Dá para ficar sabendo das novidades do blog pelas redes sociais. Sigam-me os bons!
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