quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Bora Ouvir a Dance 2020?






Daí liga o meu pai pra reclamar: a Jangadeiro FM só toca os mesmos 8 artistas. E eles são indistinguíveis entre si. São praticamente as mesmas músicas. De manhã, quando eu vou, as mesmas músicas. E à tarde, quando eu volto, lá estão elas de novo. E no outro dia é a mesma coisa.


Será que as músicas estão todas iguais?


É a produção artística comercial. Chegou-se a um padrão do que as pessoas gostam. Ou são obrigadas a gostar já que não conseguem ouvir outra coisa. E aí gera-se um ciclo vicioso. Eu só gosto disso porque eu só ouço isso. Eu só ouço isso porque eu só gosto disso.


Sem contar a questão temática que todos os artistas, Renato Russo inclusive, sempre conheceram: as pessoas tendem a gostar mais de músicas que retratam situações da vida delas. A conexão fica mais “fácil”.


Até a Globo entrou na onda com o “Só Toca Top”. A Jovem Pan foi junto no sertanejo. (Quem diria?) Enfim, esse padrão está em todos os lugares que você escuta e quem quer ganhar dinheiro, adivinha só? Precisa produzir conforme a demanda!


E a demanda atual é juntar sertanejo com funk, sofrência com pornografia. Tá uma lindeza musical!






Mas não é o sertanejo raiz. Esse morreu. Assim como o funk romântico. E o forró, inclusive o eletrônico, também foi junto.


A axé music partiu dessa para uma melhor. O samba vive do legado, com raras exceções como o Diogo Nogueira que está tentando produzir novidades. E a MPB tem um pequeno sopro de renovação.


As redes sociais abriram espaço para artistas desconhecidos e estes sempre foram a maioria. Então, tem muita gente pra pouco espaço e a fama é cada vez mais efêmera. Pra se manter tocando no topo, é preciso sempre estar lançando novidades. As músicas chegaram a uma volatilidade incrível, quase uma story de Instagram. Os artistas das redes sociais precisam lançar uma música “nova” quinzenalmente. Eles lançam um repertório “novo” todo mês. A parada é insana!


(Fato curioso é que qualquer musicazinha do sertanejo rapidamente chega a milhões de visualizações no YouTube.)


Mas como gerar músicas “novas” constantemente?


Na criação de qualquer coisa, a única forma de ganhar produtividade é recorrendo a padrões criados e testados previamente.


E isso traz a sensação de que as músicas são todas iguais.


Eu sempre achei que o primeiro disco do artista era o melhor. Afinal, ele geralmente levava 10 anos pra conseguir gravar o disco e, então, ele podia selecionar somente as melhores músicas de quase toda a sua carreira.


Em seguida, a fama chegava e as gravadoras o pressionavam a lançar um disco por ano.


Obviamente, essa produção em escala acabava com a qualidade e coisa muito comum era ouvirmos “comprei um disco, mas só presta uma música”.


Esse funcionamento do mercado permanece o mesmo, só que o ciclo se tornou insanamente curto. Naturalmente, a qualidade desabou junto.


Daí, eu conheci o Júlio e ele veio me provar que é possível “criar” uma música “inédita” em 1 hora:








Leigo que era e poeta que sou, eu sempre ficava intrigado quando algum artista dizia: “fiz a música primeiro e depois coloquei a letra”. Ou: “o fulano me mandou a música para eu colocar a letra”.


Até que o monstro da didática, Professor Heitor Castro, me ensinou mais essa:






Aí volta o Júlio, no tempo de um Miojo, para ensinar a fazer um indie rock:







É a vez do Koji Kobura nos ensinar como é simples criar uma música somente com tecnologia. Tudo digital. Um pouco de teoria musical. Um simples celular da Motorola, um aplicativo e partiu!






E, finalizando a parceria no post, o Júlio volta discutindo se o rock acabou:






E os Gallagher’s brothers tão nessa discussão também! O Liam fala: “aqui é rock and roll, porra!”. E o Noel fala que o rock acabou. Inclusive, ele está gravando umas coisas muito diferentes.


A minha impressão é que a turma do rock envelheceu e as novas gerações não quiseram assumir o legado.


Até mesmo o Bon Jovi, o cara que não envelhece nunca, o Paulo Ricardo gringo haha, já tá com seus quase 60 anos. Embora, não aparente haha.


Todas as bandas envelheceram e ficaram com preguiça ou sem criatividade ou, caso bem comum nas viradas tecnológicas, não conseguiram se adaptar a esse novo mercado e a essa nova forma de produzir que eu citei lá no início do post.


O Biquíni Cavadão insiste em regravar os anos 80. A requentada da vez é no som dos Paralamas. O Skank até tá tentando gravar alguma coisa nova. E o Jota Quest vem de acústico. Por sinal, fórmula e ritmo que eu detesto.


Enquanto isso, a Rádio Beach Park “morreu” e eu me vi órfão de rádio FM. Outras circunstâncias mais me levaram de volta ao começo de tudo: a dance music. Naturalmente, sempre comparando com a Eurodance dos anos 90.


De repente, o YouTube, essa grande invenção da humanidade, me conectava às maiores gravadores de dance music do planeta. Antes, eu tinha que esperar meses até que uma música chegasse no Brasil, através dos lançamentos da Jovem Pan e da Cidade. Agora, eu posso beber direto na fonte. E conhecer as músicas no dia em que são lançadas, meses antes de começarem a tocar nas rádios.


Comecei com alguns canais específicos:




E a sensação inevitável foi: “poxa vida, até aqui as músicas são todas iguais!”.


Enfim, é o estilo musical desses canais e isso me obrigou a criar uma pasta específica no meu pen drive, que eu chamei de “Dance Vibe”.


Mas a Spinnin’ Records, Armada Music, Ultra Music, 3 Beat, Proximity e os grandes DJs mundiais estavam lá lançando dance music “raiz”. Muito parecido, mas não exatamente igual à Eurodance 90. Também já um pouco diferente da dance music da última década e foi quando eu percebi que essas músicas mereciam um cantinho especial no meu pen drive. Daí nasceu a pasta Dance 2020.


E eu levei isso para o título do post. Meio pegadinha, né? Mas vende a falsa ideia que o blog é descolado e futurista haha.


E como o som sempre tem que subir, esse post vai virar uma retrospectiva com as melhores músicas de dance que eu conheci em 2018, todas no segundo semestre.


E como até uma topada te bota pra frente, essa retrospectiva já vai te jogar pra 2020!


(A partir daqui, sem muitas novidades para a galera do Facebook.)


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Sobe o SOM!


#4
Russell Small & DNO P
When Somebody


Essa é uma pequena amostra do que eu estou chamando de Dance 2020. Uma batida impossível de não dançar. De brinde, um passeio por Nova Iorque.


Um elemento criativo bem comum é que a música acaba na metade. A batida cessa e o som fica bem baixinho e depois recomeça tudo pra jogar lá em cima de novo. Sensacional!





#3
Yves V & Zaeden feat. Jermaine Fleur
Something Like


Seguindo na batida da Dance 2020, a presença mais do que inusitada de um violão.


Reparem que é mais uma música que “acaba” na metade. O BPM desacelera, o som fica bem baixinho e depois recomeça tudo pra jogar lá em cima de novo. Sensacional!





#2
ManyFew
How Would You Know


Continuando com a nossa retrospectiva de dance music de 2018 e já com um ouvido em 2020, a segunda melhor música de dance que eu conheci esse ano! Como eu desejava que você conhecesse!





#1
Bingo Players
Love Me Right


Pra fechar o post e o ano, a melhor música que eu conheci em 2018! Um ano de muitas lembranças negativas, mas cheio de coisas boas também.


O elemento criativo em comum você já pegou, né? A música acaba na metade. A batida cessa e o som fica bem baixinho e depois recomeça tudo pra jogar lá em cima de novo. Sensacional!





Até tirei onda com a minha filha, quando fizemos um vídeo bem divertido com essa música:





Valeeeeeeeu!
Feliz 2019!
Até 2020!


Ei, psiu, se liga…
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