Daí
liga o meu pai pra reclamar: a Jangadeiro FM só toca os mesmos 8
artistas. E eles são indistinguíveis entre si. São praticamente as
mesmas músicas. De manhã, quando eu vou, as mesmas músicas. E à
tarde, quando eu volto, lá estão elas de novo. E no outro dia é a
mesma coisa.
Será
que as músicas estão todas iguais?
É
a produção artística comercial. Chegou-se a um padrão do que as
pessoas gostam. Ou são obrigadas a gostar já que não conseguem
ouvir outra coisa. E aí gera-se um ciclo vicioso. Eu
só gosto disso porque eu só ouço isso. Eu só ouço isso porque eu
só gosto disso.
Sem
contar a questão temática que todos os artistas, Renato Russo
inclusive, sempre conheceram: as pessoas tendem a gostar mais de
músicas que retratam situações da vida delas. A conexão fica mais
“fácil”.
Até
a Globo entrou na onda com o “Só Toca Top”. A Jovem Pan foi
junto no sertanejo. (Quem diria?) Enfim, esse padrão está em todos
os lugares que você escuta e quem quer ganhar dinheiro, adivinha só?
Precisa produzir conforme a demanda!
E
a demanda atual é juntar sertanejo com funk, sofrência com
pornografia. Tá uma lindeza musical!
Mas
não é o sertanejo raiz. Esse morreu. Assim como o funk romântico.
E o forró, inclusive o eletrônico, também foi junto.
A
axé music partiu dessa para uma melhor. O samba vive do legado, com
raras exceções como o Diogo Nogueira que está tentando produzir
novidades. E a MPB tem um pequeno sopro de renovação.
As
redes sociais abriram espaço para artistas desconhecidos e estes
sempre foram a maioria. Então, tem muita gente pra pouco espaço e a
fama é cada vez mais efêmera. Pra se manter tocando no topo, é
preciso sempre estar lançando novidades. As músicas chegaram a uma
volatilidade incrível, quase uma story de Instagram. Os
artistas das redes sociais precisam lançar uma música “nova”
quinzenalmente. Eles lançam um repertório “novo” todo mês. A
parada é insana!
(Fato
curioso é que qualquer musicazinha do sertanejo rapidamente chega a
milhões de visualizações no YouTube.)
Mas
como gerar músicas “novas” constantemente?
Na
criação de qualquer coisa, a única forma de ganhar produtividade é
recorrendo a padrões criados e testados previamente.
E
isso traz a sensação de que as músicas são
todas iguais.
Eu
sempre achei que o primeiro disco do artista era o melhor. Afinal,
ele geralmente levava 10 anos pra conseguir gravar o disco e, então,
ele podia selecionar somente as melhores músicas de quase toda a sua
carreira.
Em
seguida, a fama chegava e as gravadoras o pressionavam a lançar um
disco por ano.
Obviamente,
essa produção em escala acabava com a qualidade e coisa muito comum
era ouvirmos “comprei um disco, mas só presta uma música”.
Esse
funcionamento do mercado permanece o mesmo, só que o ciclo se tornou
insanamente curto. Naturalmente, a qualidade desabou junto.
Daí,
eu conheci o Júlio e ele veio me provar que é possível “criar”
uma música “inédita” em 1 hora:
Leigo
que era e poeta que sou, eu sempre ficava intrigado quando algum
artista dizia: “fiz a música primeiro e depois coloquei a letra”.
Ou: “o fulano me mandou a música para eu colocar a letra”.
Até
que o monstro da didática, Professor Heitor Castro, me ensinou mais
essa:
Aí
volta o Júlio, no tempo de um Miojo, para ensinar a fazer um indie
rock:
É
a vez do Koji Kobura nos ensinar como é simples criar uma música
somente com tecnologia. Tudo digital. Um pouco de teoria musical. Um
simples celular da Motorola, um aplicativo e partiu!
E
os Gallagher’s brothers tão nessa discussão também! O
Liam fala: “aqui é rock and roll, porra!”. E o Noel fala que o
rock acabou. Inclusive,
ele está gravando umas coisas muito diferentes.
A
minha
impressão é que a turma do rock envelheceu e as novas gerações
não quiseram assumir o legado.
Até
mesmo o Bon Jovi, o cara que não envelhece nunca, o Paulo Ricardo
gringo haha,
já tá com seus quase
60
anos. Embora, não aparente haha.
Todas
as bandas envelheceram e ficaram com preguiça ou sem criatividade
ou, caso bem comum nas viradas tecnológicas, não conseguiram se
adaptar a esse novo mercado e
a essa nova forma de produzir que
eu citei lá no início do post.
O
Biquíni Cavadão insiste em regravar os anos 80. A requentada da vez
é no som dos Paralamas. O Skank até tá tentando gravar alguma
coisa nova. E
o Jota Quest vem de acústico. Por sinal, fórmula e ritmo que eu
detesto.
Enquanto
isso, a Rádio Beach Park “morreu” e eu me
vi órfão
de rádio FM. Outras
circunstâncias mais me levaram de volta ao começo de tudo: a dance
music. Naturalmente,
sempre comparando com a Eurodance dos anos 90.
De
repente, o YouTube, essa grande invenção da humanidade, me
conectava às maiores gravadores de dance music do planeta. Antes,
eu tinha que esperar meses até que uma música chegasse no Brasil,
através dos lançamentos da Jovem Pan e da Cidade. Agora, eu posso
beber direto na fonte. E conhecer as músicas no dia em que são
lançadas, meses antes de começarem a tocar nas rádios.
Comecei
com alguns canais específicos:
E
a sensação inevitável foi: “poxa vida, até aqui as músicas são
todas iguais!”.
Enfim,
é o estilo musical desses canais e isso me obrigou a criar uma pasta
específica no meu pen drive, que eu chamei de “Dance Vibe”.
Mas
a Spinnin’ Records, Armada Music, Ultra Music, 3 Beat, Proximity
e os grandes DJs mundiais estavam lá lançando dance music “raiz”.
Muito
parecido, mas não exatamente igual à Eurodance 90. Também já um
pouco diferente da dance music da última década e foi quando eu
percebi que essas músicas mereciam um cantinho especial no meu pen
drive. Daí
nasceu a pasta Dance 2020.
E
eu
levei isso para o título do post. Meio
pegadinha, né? Mas vende a falsa ideia que o blog é descolado e
futurista haha.
E
como o som sempre tem que subir, esse post vai virar uma
retrospectiva
com as melhores músicas de dance que eu conheci em 2018,
todas
no segundo semestre.
E
como
até uma topada te bota pra frente, essa retrospectiva já vai te
jogar pra 2020!
(A
partir daqui, sem muitas novidades para a galera do Facebook.)
Compartilhe
o blog. Compartilhe músicas boas com a gente.
Sobe
o SOM!
#4
Russell
Small & DNO P
When
Somebody
Essa
é uma pequena amostra do que eu estou chamando de Dance 2020. Uma
batida impossível de não dançar. De brinde, um passeio por Nova
Iorque.
Um
elemento criativo bem comum é que a música acaba na metade. A
batida cessa e o som fica bem baixinho e depois recomeça tudo pra
jogar lá em cima de novo. Sensacional!
#3
Yves
V & Zaeden feat. Jermaine Fleur
Something
Like
Seguindo
na batida da Dance 2020, a presença mais do que inusitada de um
violão.
Reparem
que é mais uma música que “acaba” na metade. O BPM desacelera,
o som fica bem baixinho e depois recomeça tudo pra jogar lá em cima
de novo. Sensacional!
#2
ManyFew
How
Would You Know
Continuando
com a nossa retrospectiva de dance music de 2018 e já com um ouvido
em 2020, a segunda melhor música de dance que eu conheci esse ano!
Como eu desejava que você conhecesse!
#1
Bingo
Players
Love
Me Right
Pra
fechar o post e o ano, a melhor música que eu conheci em 2018! Um
ano de muitas lembranças negativas, mas cheio de coisas boas também.
O
elemento criativo em comum você
já pegou, né? A
música acaba na metade. A batida cessa e o som fica bem baixinho e
depois recomeça tudo pra jogar lá em cima de novo. Sensacional!
Até
tirei onda com a minha filha, quando fizemos um vídeo bem divertido
com essa música:
Valeeeeeeeu!
Feliz
2019!
Até
2020!
Ei, psiu, se liga…
Dá para ficar sabendo das novidades do blog pelas redes sociais. Sigam-me os bons!
Conheça a minha obra completa em: