“Nada
dá mais lucro para a imprensa do que pautas sensacionalistas
emotivas. Não se falará em outro assunto nos próximos 7 dias.”
Eu
não gosto de ir na onda. Não gosto de ser modinha. Odeio datas
comemorativas. E odeio mais ainda o sensacionalismo da imprensa.
Mas,
às vezes, é preciso falar de alguns temas.
Quem
faz terapia, sabe da importância de
botar pra fora.
Precisamos
falar da Chapecoense.
(Inclusive
“quebrando” a programação do blog.)
Eu
já viajei muito Brasil afora, desenvolvendo sistemas para o povo
brasileiro.
O
meu primeiro voo foi a trabalho. Assim como, mais de 95% dos meus
pousos e decolagens foram a serviço.
Quem
me conhece, conhece o meu medo de voar.
“Foi
por medo de avião
Que
eu segurei
Pela
primeira vez a tua mão”
Paradoxalmente,
comecei a assistir na
TV programas
de investigações sobre acidentes aéreos e foi isso que fez o meu
medo de voar diminuir.
Mas
medo nunca passa. Você o controla. Você o diminui. Você o doma.
Mas
o medo nunca acaba. Ele sempre está lá.
Eu
sempre fui muito caseiro. Eu gosto de ficar na minha casa.
Num
momento em que tanta gente fala em sair do Brasil, em que tanta gente
lembra de Pasárgada…
(Tanta
violência também incentiva, né?)
Aprendi
a gostar de tomar
a minha cervejinha em
casa. Não
tem blitz. Não tem 10%. Eu
escolho as cervejas. Eu
escolho as músicas. E posso escrever ou fazer o que eu quiser.
Na
minha casa, eu tenho conforto e segurança. Eu tenho o carinho imenso
da minha esposa e da minha filha. “Minha
casa é meu reino”.
Nesse
mundo doido de Meu Deus, nós saímos muito de casa. Muitas vezes,
para trabalhar. Saímos,
sem saber se voltaremos. Decolamos, sem saber…
O
pequeno time da
Chapecoense
conseguira a maior vitória de sua vida: venceu a semifinal de um
campeonato continental. O
auge. Os sonhos cada vez maiores e cada vez mais realizados. Os
desafios cada vez mais altos. A glória máxima na carreira de
atletas, preparadores e dirigentes. Saíram
das suas casas e do seu reino em busca de uma aventura, com
montanhas, chuvas, noite e acesso muito complicado.
Provavelmente,
a Chapecoense nunca mais chegará tão longe de
novo.
Tragicamente,
os líderes desse projeto morreram. Infelizmente, o projeto acabou.
Três
dias antes do acidente, eu exercitava o meu controle remoto e o Music
Box Brasil me chamou
a atenção.
O Biquíni Cavadão mandava o seu lado B, com muita introspecção e
músicas excepcionais.
Parei
pra ouvir. Era demais. Instintivamente, peguei o Whatsapp para entrar
em contato com o Rodolfo e o Alexandre:
“Assistindo
a um showzaço do Biquíni aqui. Impossível não lembrar de vcs.”
Meus
colegas do Ensino Médio que viveram comigo os 10 anos do Ceará
Music, incluindo a alvorada mágica, quando o Biquíni ressuscitou o
rock Brasil dos anos 80, já na
segunda-feira,
às 6 da manhã. Um
dos melhores momentos da vida de todos que estavam lá.
E nós estávamos.
E
lá
no Music Box Brasil era o Biquíni de novo e eu pensei: puta
que pariu, eles conseguiram de novo!
Aquele
DVD do Ceará Music ressuscitou a banda que também passou a ser
muito criticada por ficar vários anos fazendo o mesmo show…
Finalmente,
era
o Biquíni arrebentando de novo. E nos dando músicas novas. Músicas
espetaculares!
30
anos de Biquíni Cavadão,
direto de Goiânia. E
eles publicaram todas as faixas do DVD nessa playlist do Youtube:
(Infelizmente,
nossos artistas insistem em gravar DVDs em espaços fechados e cheios
de eco.)
Mergulhei
fundo no lado B do Biquíni Cavadão, muito introspectivo. Essa
música foi lançada justamente naquele DVD do Ceará Music, mas vem
agora numa versão 2.0, muito mais madura, roqueira e introspectiva.
Com uma letra muito foda que diz muita coisa. Perfeita:
Atrás
da porta
Guardo
os meus sapatos
Na
gaveta do armário
Coloco
minhas roupas
Na
estante da sala
Vejo
muitos livros
E
a geladeira conserva o sabor das refeições
Minha
casa é meu reino
Mas
eu preciso de outros sapatos
De
outras roupas, outros temperos
Para
formar minhas ideias e meus sentimentos
Eu
sou a soma de tudo que vejo
E
minha casa é um espelho
Onde
a noite eu me deito e sonho com as coisas mais loucas
Sem
saber porque
É
porque trago tudo de fora
Violência,
dúvida, dinheiro e fé
Trago
a imagem de todas as ruas por onde passo
E
de alguém que nem sei quem é
E
que provavelmente eu não vou mais ver
Mas
mesmo assim ela sorriu para mim
Ela
sorriu e ficou na minha casa que é meu reino
É
porque trago tudo de fora
E
minha casa é um espelho
Trago
a imagem de todas as ruas
Eu
sou a soma de tudo que vejo
Mas
mesmo assim, ela sorriu pra mim
Ela
sorriu e ficou na minha casa que é meu reino
Que
a razão não diga nada
Os
sonhos sempre foram minha fuga
Lembranças
perdidas sem sentido
Mas
juntas pra mim parecem música
Compartilhe
o blog. Compartilhe músicas boas com a gente.
Sobe
o SOM!
PS:
O Bruno viajando no solo de guitarra é demais!
POST
SCRIPTUM MUITO ESPECIAL SETE MESES DEPOIS
Agora,
sim, o post está completo:
Todo
dezembro tem Biquíni no blog?
Se
quiser ler mais uma coisinha...
Dá para ficar sabendo das novidades do blog pelas redes sociais. Sigam-me os bons!
Conheça a minha obra completa em:
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