quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Bora Ouvir o Vedovelli?







Eu estava revendo os meus vídeos do Yamandu Costa que eu adicionei ao meu canal no Youtube e a ferramenta me sugeriu novos vídeos dele. E foi assim que eu me inscrevi no canal da gravadora Biscoito Fino. Passados uns dez dias, eles publicaram “Vedovelli – Sou”.


Sem nenhum preconceito, apertei o play e valeu a pena demais. Ouvi uma. Duas. Várias vezes. Eu me viciei no balanço dessa música.


Compartilhe o blog. Compartilhe músicas boas com a gente.


Sobe o SOM!


[ SOU ]



Eu não sou da lua
Eu não sou do chão
Eu não sou da rua
Eu não sou mansão


Sou de lá e cá
Sou de início a fim
Sou de chuva
Sou do sol
Sou de não e sim
Sou da ida
Sou da volta
Sou de dentro
Sou de fora
Sou da vida
Sou do mundo e o que ele é de mim


Eu sou do mar
Sou da paixão
Sou dos sonhos, sou cameleão
Sou do amor


Eu não sou do samba
Não sou rock n’ roll
Eu não sou de drama
Eu sou como eu sou


Sou de lá e cá
Sou de início a fim
Sou de chuva
Sou do sol
Sou de não e sim
Sou da ida
Sou da volta
Sou de dentro
Sou de fora
Sou da vida
Sou do mundo e o que ele é de mim


Eu sou do mar
Sou da paixão
Sou dos sonhos, sou camaleão
Sou do amor




Mas eu vi que o Vedovelli estava lançando um CD inteiro, o Camaleão, daí eu pensei: poxa, se eu me identifiquei tanto com esse som, deve ter mais coisas boas lá!


Bingo! Tem muita coisa boa lá. O CD vai alternando entre uma mais dançante e uma mais calminha.


E foi lá que eu encontrei “Sinta” e a brincadeira aqui do post é um duelo para vocês me ajudarem a escolher qual a melhor música do Vedovelli: Sou ou Sinta?


Compartilhe o blog. Compartilhe músicas boas com a gente.


Sobe o SOM!


[ SINTA ]



Se for tristeza, chora
Se for gula, devora
Se for ânsia, respira
Se for raiva, grita
Se for paixão, mergulha
Se for orgulho, engula
Se for amor, espalha
Se for medo, fuja


Se for real, é só sorrir
Se for a dois, é só sentir


Se for sonho, viva
Se for desejo, insista
Se for a vida, sinta
Se for bom, convida
Se for complicado, ginga
Se for a vida, sinta


Se for verdade, diga
Felicidade, brilha
Se for vergonha, mostra
Se for sério, brinca
Se for prazer, relaxa
Se for ruim, acaba
Se for saudade, chama, volta, beija e abraça


Se for pensar, não deixa ir
Se for sentir, se entrega ao fim


Se for sonho, viva
Se for desejo, insista
Se for a vida, sinta
Se for bom, convida
Se for complicado, ginga
Se for a vida, sinta


Viva, sonha, briga, chora,
Ama, sinta, sinta


Diga, mostra, grita, beija
Ama, sinta, sinta




POST SCRIPTUM 1


Pronto. Esse era o post. Mas esse post ficou parecido com aqueles filmes malucos que têm vários finais e que você nunca sabe quando realmente acabou.


Porque eu jamais poderia terminar esse post sem mostrar para vocês o clipe de Sou.


Eu sou o Bora Ouvir Uma. Então, eu sempre priorizo a música. E, até para o duelo ficar justo, só postei os áudios lá em cima.


Mas também não posso ignorar as pessoas que gostam da parada mais visual, né? E esse clipe abaixo ficou genial. Tanto que eu fiz um minipost lá na nossa fãpage há pouco tempo:


Se você é rico ou já viajou muito ou tem vontade das duas anteriores, vai se identificar bastante com esse clipe muito bem bolado.”


[ SOU ] (O clipe)



Na entrevista a seguir, ele vai falar sobre esse clipe…




POST SCRIPTUM 2


Não acabou não, hein!? He he


Pra fazer o post, eu fui atrás do Vedovelli e acabou rolando uma entrevista exclusiva e espetacular. Na verdade, eu gostei tanto do resultado que vou publicar na íntegra. Vamos entrar na cabeça dele para saber como ele criou essas músicas e esse vídeo:




BORA OUVIR UMA
ENTREVISTA
VEDOVELLI




BORA OUVIR UMA: De onde você é? Onde você desenvolveu sua carreira? E onde podemos te encontrar hoje?


VEDOVELLI: Eu nasci em Farroupilha (RS). Aprendi tudo da música por lá mesmo. Eu aprendi a tocar violão e piano sozinho quando criança, mas comecei aos 12 anos, com um violão que ficava desafinando porque tinha o braço quebrado e colado. Eu mandei arrumar ele e uso até hoje. Eu comecei tocando em várias bandas por lá, acabei virando vocalista porque em muitas bandas era algo que faltava, e como eu tinha jeito pra coisa, eu assumia a voz. Depois eu comecei a estudar mais profundamente cada um desses instrumentos, e decidi ir fazer aulas e cursos. Com 17 fui estudar produção musical em São Leopoldo (RS), e depois me mudei para o Rio de Janeiro para explorar mais o caminho de compositor e artista. Creio que essas mudanças de ambientes e também o fato de eu ter sido autodidata influenciaram muito minha carreira, especialmente na originalidade. Eu acabei desenvolvendo estilos de cantar, tocar, e compor que não foram baseados em meus mestres. Só fui fazer aulas depois de já estar mais estruturado dentro do que buscava com minha arte. E mudar de cidade sempre faz a gente se conhecer melhor, entender mais sobre quem somos, qual a nossa cultura, o que queremos carregar dela, e o que sentimos que podemos deixar para trás.
Atualmente eu me encontro no Rio de Janeiro. Meu som está em todas plataformas digitais, o álbum Camaleão nas lojas, e eu toco mais pelo Rio de Janeiro, mas pretendo ir lançar o disco por algumas cidades do Brasil.




BORA OUVIR UMA: Quais são suas influências musicais?


VEDOVELLI: Eu sou um ouvinte de música, além de músico. Eu realmente estou sempre procurando novos artistas pra escutar, e tô sempre curioso sobre os novos lançamentos. Mas eu vario o que mais toca por aqui, conforme meu estado de espírito. Eu costumo criar listas no Spotify com coisas que estou escutando. Eu tenho ouvido muita coisa suave, folk e jazz misturados com um pouco de eletrônico. Também gosto bastante de ouvir a sonoridade dos anos 70, então também sempre acabo escutando artistas da época. Eu escuto muita coisa atual, e tenho alguns favoritos que nunca saem de moda na minha vida. Gosto muito de artistas como o Damian Rice e Lenine. Esses tipos de grandes compositores que se reinventam a cada disco, são os artistas que nunca saem das minhas audições.




BORA OUVIR UMA: Como você se inspira para compor e criar?


VEDOVELLI: Eu geralmente componho a partir de sensações e emoções de coisas que vivo diariamente, ou que afetaram meu passado. Eu sento com o violão, ou em frente ao teclado, e vou tocando e compondo. É quase uma terapia para mim, eu deixo que minhas emoções e sentimentos transbordem, geralmente improviso a letra, e ela nasce assim. Mas eu não tenho muitas regras, algumas coisas nascem de versos e letras que escrevi, outras são músicas que componho e depois faço a letra, e uma grande parte nasce com a improvisação da letra e música junto.




BORA OUVIR UMA: Como se inspirou para criar “Sinta”?


VEDOVELLI: Eu escrevi “Sinta” depois de me mudar para o Rio, eu lembro que achava legal ver as pessoas gritando, sorrindo, chorando, e até brigando livremente na rua, era um contraste enorme com a maneira polida que estava acostumado a ver as pessoas a viverem e demonstrarem seus sentimentos. Esse pequeno choque cultural, me inspirou, pois eu sempre achei que a melhor coisa para se fazer com os sentimentos, sejam eles bons, ou ruins, é se permitir sentir e aprender com as sensações geradas por eles.




BORA OUVIR UMA: Como se inspirou para criar “Sou”?


VEDOVELLI: “Sou” eu fiz após alguns shows em uma casa noturna no Rio. Eu queria tocar minha música, mas era complicado com a produção. E no meio da apresentação alguém sempre vinha me fazer algum pedido de algo que não tinha nada a ver com meu som e repertório. Aquilo não era a vida de músico que eu queria levar, então sentei com um violão para refletir quem eu era, e do que eu gostava na vida. Ai nasceu “Sou”. Costuma ser um mantra pra mim, me “bota” no caminho certo quando me sinto um pouco perdido, e me faz lembrar do que realmente é importante na vida.




BORA OUVIR UMA: Como é viver de música (e de arte) no Brasil?


VEDOVELLI: Confesso que apesar de amar minha profissão, e de saber do privilegio que é encontrar uma profissão que realmente é algo que se ama, eu acho que viver de música é cada vez mais complicado no Brasil. Os preços dos equipamentos sempre foram absurdamente caros para nosso padrão de vida, então explorar e se desenvolver dentro da arte já é complicado pela dificuldade da aquisição de material de trabalho. Mas eu acho que o mais difícil dentro do Brasil, é a maneira como o povo brasileiro se relaciona com a arte. Nossa educação básica nas escolas nunca foi voltada para educação emocional e cultural, então a música no Brasil acaba sendo consumida somente na forma de entretenimento, e dificilmente como obra de arte. De certa forma, existe muito dinheiro ainda, e o mercado do entretenimento é gigantesco, mas a fatia do mercado que consome música como obra de arte, e que não é conservadora, é cada vez mais específica e distanciada da outra grande parte da população.




BORA OUVIR UMA: O que você acha do novo cenário da indústria musical, com mais presença das tecnologias, redes sociais etc?


VEDOVELLI: Eu vejo todo esse novo cenário com olhos esperançosos. Eu acho que plataformas de streaming têm ajudado muito com a divulgação de novos artistas independentes. Era difícil demais penetrar no mundo milionário dos jabás antes. Gosto bastante também da globalização que esses programas permitem, atualmente eu escuto músicas do mundo inteiro, e assim como para mim, essas plataformas devem ter aberto novos mundos musicais para muita gente que gosta de consumir música de todo o planeta.




BORA OUVIR UMA: E o futuro? Pra onde você deseja levar a sua carreira?


VEDOVELLI: Eu tenho ainda muito pra divulgar do Camaleão, tenho clipes para lançar, e shows para fazer. Mas eu gosto de aproveitar meus tempos livres, pra criar e pré-produzir novas músicas. Já tenho muito material, então não deve demorar muito tempo pra que eu decida gravar alguma coisa e lançar. Mas antes eu quero terminar de viver a experiência do “Camaleão”, uma coisa de cada vez. Tenho intenções também de trabalhar em alguns projetos em parceria com outros artistas, gosto da somas que tipos diferentes de artes podem fazer.




BORA OUVIR UMA: Sobre o clipe de “Sou”: quantos países aparecem? Quantas cidades aparecem? Quanto tempo levou para gravar/acumular todos aqueles pedaços de vídeos?


VEDOVELLI: Sou foi um projeto que comecei a fazer quando fui um mochilão pela Ásia, era um sonho meu ir para lá, quando surgiu uma oportunidade eu simplesmente fui, eu não tinha nem gravado a música e o álbum ainda. Eu fui viajar meio que sem roteiro, tinha algumas ideias e alguns caminhos marcados, mas eu deixava as coisas irem acontecendo. Tive a ideia de fazer os vídeos cantando a música para editar depois em um único vídeo divertido. Era quase como uma brincadeira pessoal, mas eu achei que tinha potencial, mostrei pro pessoal da Biscoito Fino e eles curtiram a ideia de transformarmos em um clipe oficial.


Não foram tantos países, foram cerca de 10 eu acho, mas foram muitos lugares e cidades dentro desses países, eu perdi a conta já. Grande parte dos vídeos eu fiz após longas horas de caminhada e bike, em lugares que muitas vezes nem pertencem realmente a cidades. Eu gosto de olhar, porque lembro de como muitos dos lugares foram especiais e difíceis de se chegar. Tem imagens feitas no Chile, após uma caminhada de 20km na Cordilheira dos Andes. Outras feitas em Bagan, em Myanmar depois de muitas horas de estrada e bicicleta. Eu demorei uns 2 anos gravando todo o material e fui editando conforme surgiam novas imagens, inclusive tive um HD queimado no meio do processo que quase acabou com a brincadeira. Mas no final deu tudo certo.




BORA OUVIR UMA: Você também vê similaridades entre “Sinta” e “Sou”: letras baseadas na repetição de um pequeno verbo e um balanço musical parecido?


VEDOVELLI: Eu gosto muito de escrever músicas dessa forma na verdade, usei o mesmo processo em “No Fundo do Peito”, apesar de ser com ritmos diferentes. Acho que acabou virando uma característica presente em várias letras que escrevo. Eu acho que “Sinta” e “Sou” tem um pouco da mesma energia sim, eu gosto dessa vibe, essas músicas acabam sendo as mais divertidas de tocar ao vivo.




[ NO FUNDO DO PEITO ]





BORA OUVIR UMA: Sinta ou Sou?


VEDOVELLI: Não consigo responder essa ainda, no momento eu tô gostando de todas.




BORA OUVIR UMA: Agora, para os fãs do Bora Ouvir Uma, se você só pudesse ouvir uma música, qual seria?


VEDOVELLI: Eu vou escolher a música “Talk is Cheap - Chet Faker”, eu simplesmente não consigo enjoar dessa música.




[ TALK IS CHEAP por CHET FAKER ]





POST SCRIPTUM 3


Fala sério, que entrevista sensacional, hein!? Mas ainda não acabou, não he he


Quando eu ouvi Sinta pela primeira vez, foi impossível não chegar na minha poesia:


Sinta, apenas sinta


Sinta...
Um simples toque. Um gesto.
Sinta...
Está acontecendo...


Sinta...
Parece que tudo vai mudar
Não é maravilhoso?
Sinta, apenas sinta.


Pode sentir?
Então sinta uma frase sucinta
Sinta a metamorfose atmosférica
E a agitação do cosmo
Apure os seus sentidos e sinta.


Consegue sentir?
Então sinta uma alma distinta
Sinta a interatividade do beijo
E a relação de harmonia
Aguce os seus sentidos e sinta.


Sinta...
Apenas um sussurro. Um fonema.
Sinta...
Está desabafando...


Sinta...
Parece que já vai melhorar
Não é grandioso?
Sinta, apenas sinta.


Pode sentir?
Então sinta o cheiro de tinta
Sinta o arco-íris preto-e-branco
E a zebrinha colorida
Adultere os seus sentidos e sinta.


Sinta...
Somente um sabor. Um aroma.
Sinta...
Está se transformando.


Vá e sinta.
Sinta que no futuro será feliz.
Sinta que o futuro é agora.
Sinta...





http://miragens.art.br/



POST SCRIPTUM 4


Agora é pra acabar mesmo. :P


Apenas gostaria de avisá-los que o blog está saindo de férias. Espero acumular disposição, ideias e materiais para muitos posts novos. E é realmente muito inspirador sair de férias assistindo ao clipe de Sou.


Se tudo correr bem, dia 14 de setembro voltaremos a subir o som com um post inédito. E também para pagar alguns posts prometidos hehe


Enquanto isso, curtam alguns dos nossos 97 posts já publicados.


Um abração do Bora Ouvir Uma!



Ei, psiu, se liga…
Dá para ficar sabendo das novidades do blog pelas redes sociais. Sigam-me os bons!
      

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